FIB e Butão

Felicidade Interna Bruta e o Butão


Origem do FIB


O atual rei do Butão, 5º na história do país, proclamou que a materialização da visão do FIB será uma das quatro principais responsabilidades do seu reinado. A meta última que norteará as mudanças sociais, econômicas e políticas no Butão será o FIB –Felicidade Interna Bruta. Sua Majestade o Rei disse que uma sociedade baseada no FIB significa a criação de uma sociedade iluminada, na qual a felicidade e o bem estar de todas as pessoas e de todos os seres sencientes é o propósito último da governança. Em abril de 1986, a frase, com estas exatas palavras: “Felicidade Interna Bruta é mais importante do que Produto Interno Bruto” foi cunhada por Sua Majestade o 4º Rei do Butão, que é o autor do conceito do FIB. O que ele disse, nos anos 1970 e 1980, quanto ao PIB ser canalizado na direção da felicidade, foi algo bastante inédito, senão revolucionário. Agora, 20 a 30 anos depois, as opiniões ao redor do mundo estão começando a convergir no sentido de tornar a felicidade uma meta sócio-econômica coletiva.

Por quê o PIB é inadequado para medir o bem-estar?


Em primeiro lugar, vamos assinalar que o PIB é parte integrante do FIB, uma vez que o crescimento econômico de fato promove o bem-estar e a felicidade dos mais pobres. Todavia, diversas deficiências do PIB também precisam ser reconhecidas.

Falta de distinções de natureza qualitativa
Existem muitos modos de se atingir o mesmo nível de PIB, que por si só não se importa, ou registra, se a riqueza foi gerada através de prostituição ou de meditação, ou mesmo se foi obtida se maneira estressante ou prazerosa.


Propensão ao Consumo
O PIB é uma acurada métrica para se determinar tudo aquilo que é produzido e consumido através de transações monetárias. Entretanto, se algum bem for deliberadamente conservado e não consumido, então esse bem deixa de ser registrado como um valor. Como resultado disso, existe uma tremenda inclinação voltada ao consumo na adoção do PIB. Um trator que está simplesmente largado numa fazenda é contabilizado como uma riqueza, e certamente que um tigre numa floresta deve ter mais valor do que um trator, porém, sob a ótica do PIB, não é isso que ocorre. Este mede muito bem o capital produzido, mas não mede outras formas de capital e serviços, tais como aqueles providos pelo meio ambiente, humanos e sociais.


Sub-valoriza tempo livre e trabalho não remunerado
O PIB não mede o tempo livre e nem tampouco o trabalho voluntário, não remunerado, revelando um sério preconceito contra trabalho voluntário e lazer. Todavia, o trabalho não remunerado e voluntário contribui para a felicidade e o bem-estar. Cuidar de crianças e idosos, bem como o trabalho doméstico, são serviços não remunerados que se dão à margem das transações do mercado. Essas atividades não estão precificadas, e são executadas por aqueles cuja motivação está acima do ganho financeiro.


Justiça Econômica
Embora a desigualdade possa ser medida separadamente por um índice específico para esse fim, o PIB em si é cego para a injustiça econômica. Durante o nosso consumo de bens e serviços, a métrica daquilo que nos proporciona felicidade é relativa, em comparação àquilo que os outros estão consumindo. Se a comparação afeta o nosso bem-estar subjetivo, a desigualdade continuará a ter um poderoso efeito negativo na felicidade enquanto uma desigual distribuição da riqueza persistir. Sempre haverá alguém acima na escada, e um modo de se neutralizar esse efeito negativo é de se atingir um alto grau de igualdade.




     Erguida em 1637, Punakha Dzong
foi a segunda  fortaleza
a ser construída no Butão

O que é Felicidade?

Bem público, porém subjetivamente sentido. A felicidade é, e deve ser, um bem público, já que todos os seres humanos almejam-na. Ela não pode ser deixada exclusivamente a cargo de dispositivos e esforços privados. Se o planejamento governamental, e portanto as condições macro-econômicas da nação, forem adversos à felicidade, esse planejamento fracassará enquanto uma meta coletiva. Os governos precisam criar condições conducentes à felicidade, na qual os esforços individuais possam ser bem sucedidos.
A política pública é necessária para educar os cidadãos sobre a felicidade coletiva. As pessoas podem fazer escolhas erradas, que por sua vez podem desviá-las da felicidade. Planejamentos de política pública corretos podem lidar com tais problemas, e reduzi-los, impedindo assim que ocorram em larga escala.

Felicidade baseada em estímulos externos
Nossa compreensão de como a mente obtém felicidade afeta a nossa experiência com a mesma, ao influir nos meios que escolhemos para a sua busca. Em alguns ramos das ciências comportamentais, a mente é concebida como um aparato de entrada-saída, que responde apenas aos estímulos externos. Uma conseqüência deste modelo é que as sensações prazerosas e de felicidade são vistas como dependentes somente em estímulos externos. Felicidade é percebida como uma conseqüência direta dos prazeres sensoriais. Com tal excessiva ênfase nos estímulos externos como a fonte de felicidade, não é de se surpreender que os indivíduos sejam levados a acreditar que, ao serem materialistas, serão mais felizes.

Métodos de contemplação interior
Mas existe uma tradição que aponta um caminho oposto à busca da felicidade baseada em estímulos externos, e que mostra que sensações prazerosas serão geradas ao se bloquear a entrada dos estímulos sensoriais externos e calando-se o palavrório mental. Isso requer a prática regular de técnicas de meditação, através das quais o indivíduo experiencia o sujeito em si, em vez do sujeito experienciar os estímulos externos.

Ao se utilizar um método contemplativo, não há nada externo que possa se constituir num insumo para felicidade. Desde que seja praticada de forma disciplinada e regular, a meditação pode levar à mudanças na estrutura mental (nas redes neurais), fazendo com que a calma e o contentamento sejam traços perenes da personalidade. Em outras palavras, as faculdades mentais podem ser treinadas em direção à felicidade.

Quando essa visão é aplicada, economias atualmente consideradas estacionárias, estáveis e sustentáveis, podem ser consideradas bem sucedidas. Uma economia cujo PIB cresce continuamente, a uma taxa ambientalmente insustentável, pode ser vista como um fracasso, devido à sua incapacidade de promover o desapego da proliferação de desejos. Em função disso, as pessoas são levadas de roldão no processo. Uma economia estacionária pode sinalizar que estabilidade psicológica quanto aos desejos foi alcançada entre os consumidores.


Indicadores e Mensurações do FIB

O Governo Real do Butão está formulando índices para o FIB, que irão avaliar, rastrear e guiar o planejamento do desenvolvimento do nosso país. Os índices FIB de nível macro podem ser sub-divididos em numerosos sub-indicadores que são úteis em diversos fatores.

Além disso, o Butão desenvolveu uma estrutura qualitativa conhecida como “lentes de FIB” para políticas e programas que têm por finalidade filtrar atividades segundo o ponto de vista do FIB.

Para se considerar um indicador como sendo válido segundo o FIB, ele deve demonstravelmente ter influência positiva ou negativa na felicidade. E os indicadores de FIB devem cobrir tanto as esferas objetivas quanto as subjetivas das dimensões do FIB, conferindo pesos idênticos tanto para os aspectos funcionais da sociedade humana como para o lado emocional da existência da mesma. A voz subjetiva, que tem sido relativamente sufocada nas ciências sociais como um todo, e nos indicadores em particular, está sendo restaurada nos indicadores do FIB, e isso está produzindo uma equilibrada representação de dados entre o objetivo e o subjetivo. Obviamente que a distinção entre o subjetivo e o objetivo não representa, em qualquer sentido fundamental, aquilo que é básico para natureza da realidade, que é na verdade o inter-relacionamento de ambos.

De uma forma mais geral, a descrição dos indicadores para o FIB pode ser expressa usando um ícone tradicional, a roda. No centro da roda se situa o cubo da mesma. Similarmente, a meta última do FIB é o bem-estar, a felicidade e a satisfação com a vida, aquilo que é o verdadeiro potencial na sociedade humana que buscamos atingir.

Os meios para se atingir essa meta são os raios da roda. No caso do FIB, esses raios representam os domínios, tais como o raio da educação, o raio da boa saúde, o raio do uso equilibrado do tempo, o raio da cultura, o raio da boa governança, o raio da vitalidade comunitária, o raio da resiliência ecológica, e o raio do componente material da existência – o padrão de vida.



Dasho Karma Ura, Mestre em Pólítica, Filosofia e Economia pela Universidade de Oxford, Inglaterra, e vice-presidente do Conselho Nacional do Butão. Presidente do Centro para os Estudos do Butão fundado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) para formular as análises estatísticas do FIB.


Leia o artigo completo no blog: http://felicidadeinternabruta.blogspot.com/





Conhecendo Nepal e Butão com a Equipe da Casa Moksha

25 de Fevereiro a 03 de Março de 2012




O Nepal é um país que fica entre a China e a India, na Ásia. Tem uma população com cerca de 30 milhões de habitantes e a maior parte do país fica nos Himalayas. A sua capital, Katmandu conta com belos templos e mosteiros. 











Paro é a porta de entrada para o Butão. Pequeno reino do Himalaya, onde a felicidade das pessoas é levada a sério. A política do país é baseada no FIB – Felicidade Interna Bruta. O Butão tem aproximadamente 2000 templos e mosteiros budistas. Dzongs, são antigos fortes hoje utilizados como sedes administrativas do Butão e são símbolos da identidade e cultura butanesas.

A viagem será bem espiritual, visitando mosteiros, vivendo o dia a dia dos monges e conhecendo sobre esta outra forma de vida com o acompanhamento da equipe da Casa Moksha durante a viagem.











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